terça-feira, 7 de agosto de 2012

A PDG está sem dono — e sem brilho


A PDG, maior incorporadora do país, era comandada por um presidente que queria sair e um sucessor que não queria ficar - e seu valor de mercado caiu 60% em um ano.

(notícia revista Exame)

     São Paulo - Por quase seis anos, a dupla formada pelos cariocas José Antonio Gra­bowsky e Michel Wurman virou o mercado imobiliário brasileiro de pernas para o ar. Fundadores da incorporadora PDG, ambos vindos do mercado financeiro, os executivos imprimiram à empresa um ritmo de tirar o fôlego.

     Quatro anos e uma série de aquisições depois, já comandavam a maior incorporadora do país — Gra­bowsky na presidência e Wurman no departamento financeiro. Foi um fenômeno. Entre 2007 e 2011, as ações da PDG na Bovespa valorizaram 124%, o triplo do Índice Bovespa, que reúne as maiores empresas listadas do país.
       A PDG faturou 6,8 bilhões de reais no ano passado. Tudo correu às mil maravilhas até que, de repente, a sintonia que regia a dupla foi-se embora. De um ano para cá, o valor de mercado da PDG caiu 60%. Em abril, a empresa anunciou que as obras estavam custando mais caro que o previsto.


      No primeiro trimestre, o lucro caiu 79%. E, para completar o enredo, Wurman deixou a empresa de maneira surpreendente em maio. As ações caíram tanto que, no final daquele mês, o fundo de investimentos Vinci anunciou uma oferta para voltar ao controle da PDG (posição ocupada pela Vinci até fevereiro de 2010).
      Nas últimas semanas, EXAME ouviu conselheiros, executivos e ex-funcionários da PDG para reconstruir a história de seu espetacular tropeço recente. Não é de surpreender que essa história gire em torno dos dois mandachuvas.
      A dupla viveu um período conturbado, e no pior momento possível — foi no último ano, afinal, que os resultados se deterioraram e ficou claro que haveria pela frente um árduo processo de reestruturação. O estopim da crise, que acabaria com a parceria e destruiria anos de amizade, foi a sucessão de poder na maior incorporadora do país.
      Em novembro, Grabowsky avisou o conselho de administração da PDG que deixaria a presidência da empresa em 2012, ocuparia um assento no conselho e passaria o bastão a seu braço direito.
      O plano estava tão adiantado que Grabowsky acertava os detalhes finais de sua ida para a Vinci, onde participaria da gestão de um fundo imobiliário. Em um semestre, tudo foi por água abaixo. Wurman deixou a empresa e Gra­bowsky teve de adiar sua saída. Hoje, os dois mal se falam. 
      Por que a sucessão da PDG deu errado? Segundo EXAME apurou, Wurman desistiu do acordo (nas palavras de um conselheiro, “aos 47 minutos do segundo tempo”) ao constatar que a presidência da empresa lhe traria problemas de mais e dinheiro de menos. Se o período de Grabowsky à frente da PDG seria conhecido como a “época de ouro”, a gestão de Wurman seria a do ajuste.

 

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